quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Bom te ver (Só que não) !

 Devia ser proibido.

E nesses casos eu aposto na receita da minha amiga, Piovani:
  • Dois seguranças, 
  • uma fita métrica, 
  • uma pitadinha de pimenta, 
  • um corte fino de língua afiada, 
  • saudade/rancor à gosto, 
  • e alguns metros de distancia.

Tudo para evitar qualquer tipo de contato com o antigo relacionamento.
Devia ser proibido dar de cara com o ultimo ocupante da tua cama e da tua vida, andando assim, desprevenida.
Por mais amigável e civilizado que possa ter sido, a situação é constrangedora demais até pra duas pessoas de cabeça madura (que não é o caso da citada acima).
Cruzar a rua, chamar o nome, fingir que não vê, ou pior: cumprimentar com aqueles dois beijinhos, misericordiosos.
Olho no olho de quem se conhece de todos os ângulos, perguntando superficialidades, como dois vizinhos de condomínio.
É triste ver passar aquele abraço gostoso e ser trocado por um cordial tapinha nas costas.
É duro perguntar "como você está?" e ouvir em retorno, qualquer resposta automática, dita apenas para interferir aquele silencio dos olhares.

Dá pena ver todo aquele amor escorrendo pelo ralo, e mesmo que não tenha restado uma gota de amor, não se pode arrancar o costume e a intimidade, junto com o final do relacionamento.

Era uma vida juntos, uma troca de carinhos, de cafunés, era divisão de edredom, era manhã, tarde, noite e sonho, eram beijos na boca e porque não, pelo corpo.
E agora, aquele mesmo lábio que desbravou regiões desconhecidas, só consegue se aventurar no quintal do corpo, na vitrine, batendo na trave de um sorriso amarelado e sem força.

Eis que, como um nado sincronizado de gestos e palavras, os dois colocam suas mãos no ombro oposto, uma troca de olhar penosa pelos ex futuros planos, e enfim as palavras se juntam, uma em cada boca: "Que bom te ver!"
Uma tentativa clara de tornar mais breve aquele reencontro imposto pelo destino.

Ironia ter alguém na sua frente que, por tanto tempo era a razão da tua existência, do teu respirar, tuas noites de sono e de insonia.
E agora,do: "eu te amo mais que o infinito" ,o maior sinal de afeto que se ousa ouvir/oferecer, é que "foi bom te-lo visto".
Por fim, se dão as costas e cada um segue seu caminho oposto.
Será mesmo que foi "bom"?

#sóquenão

Num rompante de sinceridade, os corações gritam sem voz: "Eu to bem melhor que antes, mas não foi bom te ver. Basta saber que está vivo."

Não é medo, recaída, incerteza, saudade, vontade ou amor.
É estranho!

Mas o fim da história, é tão racional quanto o fim desse (des)encontro.
Cada um pro seu lado, pro seu rumo, pra sua estrada, com ou sem pimenta, segurança e fita métrica.
Pois de fato, naquela despedida, nenhum dos dois olhou pra trás.