quarta-feira, 20 de março de 2013

Meu despertador...descartável


Eis que ouço um toque diferente vindo do meu aparelho.
E parece ter a mesma persistência do meu despertador...
É você me ligando, e eu nem lembrava que você tinha um toque especial.
Mas quando brigamos, era isso que me fazia não te atender, por engano.
Deixo tocar como de costume, umas 8 vezes antes de atender, pra saber se o que você tem pra me dizer é suficientemente importante pra interferir meu momento de paz absoluta, afinal não estou mais disposta a perder meu tempo com você a muito tempo. 

Ou com qualquer babaca recente, nem no piloto automático, nem na função soneca da minha vida.
Até porque, pra mim você nunca teve muito tempo mesmo.
Você me usou entre futebol, jogo, madrugadas e fins de semana, o que descontando provas e compromissos matinais, sobravam pouco mais de meia hora, em algum dia no meio de uma semana chuvosa.
Aliás, nem muito tempo, nem muito espaço, porque depois de quase dois anos você não tinha nem chegado perto do tapete da porta da minha casa. E eu obviamente continuo não sabendo nem se a sua casa tem tapete, ou quem sabe, um relógio despertador.

(Enquanto que, um mini-flash-back não me deixa mentir, a uns 5 anos atras eu dividia até as gavetas do meu closet por pouco menos de 6 meses, com outro cidadão.Mas não dá pra comparar...)

Enfim, sobre o que você quer falar?

A gente?

E desde quando existiu isso?
Existe um "eu aqui você lá, existe "cadum cadum", existe você e eu, não existe nós, nem quando NÓS estamos sob o mesmo teto, além do mais, faz tanto tempo...

...Passar aqui?

Pra te ouvir falar tudo que eu já sei, e ter que concordar porque foi eu que inventei essa história de te dar uma segunda chance?!

Tá vai...mas vem logo, antes que eu mude de idéia.

E foi assim que você voltou pra minha vida, não porquê o que você veio me falar fez algum sentido DESSA VEZ, é justamente o que você não falou. E tudo fez sentido pra mim.

O teu silencio me disse mais do que palavras poderiam ter dito, me fez enxergar que era isso que eu precisava: alguém que não dissesse nada.
Na verdade, você nem precisava ter dito nada mesmo, eu quis te chamar de novo pra minha vida, só pra preencher um imenso vazio que haviam deixado e foi só pra isso.

Hoje eu não me importo de saber com quem você saiu, ou pra onde vai no fim de semana, ou que você me convide pra ir junto. Desde que, no meio de uma semana chuvosa, você esteja aqui, quando eu chamar, querendo me dizer qualquer besteira e não me dizendo nada, mas fazendo eu me sentir mulher e melhor.
É pra isso que você voltou, agora é minha vez de te usar.

Bem-vindo ao mundo dos descartáveis!