Malas prontas.
Devo ter deixado um par de meias
e aquela toalha no varal.
O suco na porta da geladeira
você também gosta, né?!
Pode ficar pra você.
Estou pronta pra te esquecer, mais uma vez.
Te apagar da memória, da rotina, da vida.
Já botei uma nota mental: “fingir que tudo não passou de um
sonho estranho.”
E foi. Porque eu já não sei mais o que eu fantasiei e o que
aconteceu, de fato.
Cansei de viver sozinha com E
por você.
E pela primeira vez, eu consigo sentir aquele ventinho
chamado liberdade.
Não sei por quanto tempo,
se é pra sempre ou daqui a pouco volta tudo, mas por enquanto to me sentindo
bem assim. Não te querendo e me querendo mais.
Te deixar, é a resposta mais
sensata ao meu futuro.
O meu corpo ta teimando em
arrepiar os cabelinhos do braço só de pensar que o acabou pode ser pra sempre,
dessa vez.
Mas não adianta empurrar uma
lembrança com a barriga.
Não deu liga, não vingou, e é
isso mesmo que somos, um pedaço da lembrança um do outro.
Não temos história, caso, conto,
fato, não temos nada, e hoje nem a nós mesmos.
Eu sei que VOCÊ (me)quer. Eu sei
O QUE você quer, como e QUANDO quer.
Mas certeza maior é a do que EU
QUERO também. E decidi que, a partir de agora, eu só carrego o que for meu.
E todo o resto, é peso morto.
Minhas bagagens, minhas
velharias, meus trapos, minhas poeiras, meus direitos, oras.
Eu já conheço o peso da minha
mala, do meu fardo, meu karma e da minha consciência.
Tem uma ou outra bugiganga
preferida que a gente se apega e não quer se desfazer.
Mas tem horas que mesmo o
agasalho preferido, precisa ser passado adiante.
Tem gente aí passando frio. E eu
DETESTO que roubem o meu cobertor.