sexta-feira, 29 de junho de 2012

Aquele aperto




Faz pouco, muito pouco tempo que a sua escova de dente estava ali, ocupando o meu suporte do banheiro, e aquela sua mania chata de espremer a pasta de dente que sempre me tirou do sério.
Parece que foi ontem, que eu vi você chegando, tímida, falando sobre dar um passo a mais na relação.
Eu que mal sabia o que eu queria, confesso que senti certo medo na primeira noite que eu acordei pra ir ao banheiro, e a sua escova estava lá, dividindo espaço com a minha e com aquela pasta esmagada. Perdi a noção de quanto tempo faz isso, mas eu lembro como se fosse hoje. Agora a pasta tá intacta, limpinha, e isso tá me irritando mais do que a lambança que você fazia. E a minha escova de dente, coitada... Dividindo espaço com a solidão.
Por duas ou seis vezes, me peguei no flagra, acordando de madrugada só pra espiar no banheiro se a sua escova por acaso, não estava no mesmo lugar de onde nunca devia ter saído.

Mas o diacho da escova nunca aparece. Ela não volta, você não volta e a pasta está irritantemente ilesa a mais ou menos 8 meses e 23 dias (não que eu tenha parado pra contar).

Como é que pode sentir falta de uma coisa que me incomodava tanto?

Lembra quando eu botei bilhetes espalhado pela casa, pra ver se você se dava conta da bagunça? Estou com saudade do caos que você deixava o quarto, a cozinha, o banheiro, tô com saudade de nós e de você. Como que pode eu sentir sua falta, se a gente já não se aguentava mais? É só convivência e costume, ou eu estou descobrindo que depois de 8 anos que eu realmente te amo. Você foi meu primeiro amor, minha primeira amiga, minha grande amiga, minha grande mulher e hoje é até triste, mas todo esse sentimento faz parte do que um dia fomos, parte de um passado que mesmo insistindo, não volta mais.
Em todo caso, apertei forte o tubo de pasta de dente, como quem abraça uma saudade e substituí o espaço vazio por uma escova reserva, afinal, tenho esperança que alguém por aí, possa estar precisando dela.